DISCIPULADO É ENSINAR
No Evangelho de Marcos, capítulo 9, versículos trinta e trinta e um lemos: “Depois, tendo partido dali, passavam pela Galileia, e ele não queria que ninguém o soubesse; porque ensinava a seus discípulos, e lhes dizia: o Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, que o matarão; e morto ele, depois de três dias ressurgirá”. Por este registro entendemos que Jesus evitava as multidões porque desejava ensinar mais amiúde seus discípulos. Esta prática de ensinar os discípulos em particular foi uma constante no ministério de Jesus (Mt 17.19; 24.3; Mc 4.34; 13.3; Lc 10.23).
Discipulado é ensinar. Mas, ensinar o que? No texto de Marcos 9.31 vemos que Jesus ensinava o cerne do evangelho: morte e ressurreição do cordeiro de Deus. No sermão do monte Ele fez uma releitura da lei e ensinou como um discípulo seu deve viver e ser.
Quando ensinamos, precisamos pensar no que queremos com o ensino. Não apenas uma questão de o que ensinar, mas o objetivo do ensino. Ensinar implicar em objetivar mudanças. As mudanças podem ser de três formas: cognitivas, psicomotoras e afetivas. Mesmo no aspecto cognitivo devemos esperar mudanças que sejam além do mero saber, memorizar e repetir. É preciso que o aprendiz seja capaz de refletir, interpretar e expressar. Mas, no discipulado, isto não será suficiente, pois o ensino precisa causar mudanças nas habilidades e no ser. O ensino no discipulado deve resultar não só em um homem de melhor conhecimento, mas em um melhor homem, o tipo de homem que Deus quer (Jo.15.14, 14.15, 15.7).
Há um alvo supremo no discipulado, que só alcançaremos na glória, mas que devemos buscar a todo instante: “até que todos cheguemos… ao pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4.13). E isto se realiza na relação discipulador discípulo em que os dois são aperfeiçoados (EF 4.12) pela aplicação da Palavra de Deus através da ação do Espírito Santo. Quando Paulo usa a expressão “aperfeiçoamento dos santos” está implícito um processo artesanal e contínuo de colocar o discípulo em forma.
Paulo diz que se afadigava nesta tarefa (Cl 1.29). A palavra aqui tem o sentido de trabalho corporal exaustivo. Paulo estava na prisão em Roma, aguardando o juízo de Nero, e quase certo (como de fato o foi) de sua condenação e morte. Ele sofria naquela situação, vendo a igreja enfrentando ensinos heréticos. Sua agonia era em oração e ao mesmo tempo de não poder estar presente com os irmãos para orientá-los. Mas, ele diz que se valia de várias formas de ensino, para que homens perfeitos em Cristo fossem formados: “o qual nós anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” (Cl 1.28).
Para Paulo o propósito de seu ensino no discipulado era claramente estabelecido: “Ora, assim como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele RADICADOS E EDIFICADOS, E CONFIRMADOS NA FÉ, tal como fostes instruídos, CRESCENDO EM AÇÕES DE GRAÇAS” (Cl 2.6,7). Três metáforas definem seu propósito: RADICADOS – é a figura da floresta. É a palavra empregada para a árvore que tem suas raízes profundas na terra, de onde se sustenta e tira seus nutrientes; EDIFICADOS – é a figura da construção civil. É a palavra empregada para o edifício levantado sobre um alicerce seguro. CONFIRMADOS – é a figura jurídica. É a palavra que vem do contrato assinado, ratificado e tornado obrigatório.
Como discipulador almejo ver os discípulos do Senhor, que cuido, RADICADOS EM CRISTO. Cristo sendo o seu sustento, mas também o seu alimento. Cristo sendo o seu “pão da vida”, mas também a sua “água da vida”. Busco que Cristo seja o seu alicerce, a sua fundação. Meu alvo é que meu discipulando, passando por qualquer situação, o faça sem cair, porque está firmado no Senhor, na rocha.
Pr Gilvan Barbosa Sobrinho