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JONAS E A TEOLOGIA DA DETERMINAÇÃO

Os púlpitos evangélicos em geral foram invadidos pela teologia da determinação ou reivindicação. O raciocínio é simples e lógico: Deus fez uma promessa, então Ele está obrigado a cumpri-la, afinal Ele não muda. O ensino é que você se apodera da promessa e exige de Deus seu cumprimento. De certa forma Deus está preso à palavra dada. É ou não é lógico este raciocino? É LÓGICO, MAS NÃO É BÍBLICO.

Coincidentemente estou assistindo o Fantástico, da TV Globo. Paulo Silvino, comediante global, está dando uma entrevista. Quando fala do acidente do filho Flávio, revela o mesmo raciocínio da teologia da determinação, embora sem a reivindicação de uma promessa bíblica. Ele diz que, após o acidente, estava em uma praça, olhando o céu estrelado e disse para Deus: – você não vai ter como não o levantar. O Brasil todo está pedindo para você levantar o Flávio.  Se você não atender, vai cair em descrédito; mas, se você atender vai ter um marketing danado pra você. Perceba que o raciocínio dele é o mesmo dos seguidores da determinação.

Gostaria de analisar este raciocínio à luz da experiência de Jonas. Você conhece a história do profeta Jonas. Deus o convoca para pregar contra a grande cidade de Nínive, capital da Assíria. A palavra de Deus dada ao profeta era que em quarenta dias a cidade seria destruída (Jn 1.2;3.1,4). Jonas deveria anunciar esta verdade à cidade, porque sua maldade havia chegado ao céu.  No entanto, Jonas foge da missão. Ele não quer pregar em Nínive. Por quê? A resposta encontra-se nas próprias palavras de Jonas: “Deus viu o que eles fizeram e como abandonaram os seus maus caminhos. Então mudou de idéia e não castigou a cidade como tinha dito que faria. Por causa disso, Jonas ficou com raiva e muito aborrecido. Então orou assim: — Ó Senhor Deus, eu não disse, antes de deixar a minha terra, que era isso mesmo que ias fazer? Foi por isso que fiz tudo para fugir para a Espanha! Eu sabia que és Deus que tem compaixão e misericórdia. Sabia que és sempre paciente e bondoso e que estás sempre pronto a mudar de idéia e não castigar. Agora, ó Senhor, acaba com a minha vida porque para mim é melhor morrer do que viver” (3.10; 4.1-3).

Perceba que Jonas justifica sua fuga da missão por saber que o Senhor é movido por compaixão e misericórdia, “e que está sempre pronto a mudar de idéia”. Jonas diz inclusive que disse isto a Deus antes de fugir de sua terra (3.2). Jonas não determina que Deus cumpra o que lhe prometeu no início da missão. É verdade que ele fica com raiva e deseja mesmo a morte (4.3), mas Deus não se submeteu a seus caprichos ou exigências. Deus é soberano e o será sempre. Ninguém pode manipular o Senhor! Ninguém pode determinar nada ao Senhor!

O cumprimento da promessa de Deus está condicionada ao estilo de vida do que deve receber a promessa. Deus vai mudar o curso de Sua decisão se o envolvido mudar de atitude. Foi assim com Ezequias, lembra? Ezequias estava doente e Deus mandou o profeta Isaías dizer-lhe que morreria (Is 38.1-5). Quando o profeta sai, Ezequias chora e ora a Deus pedindo misericórdia. Deus muda de idéia, manda o profeta voltar e comunicar-lhe que lhe serão dados mais quinze anos de vida. Isaías não determinou, não se revoltou, nem exigiu que Deus cumprisse o que prometera. Ele simplesmente voltou e cumpriu o que Deus estava mandando. Deus é soberano para mudar de idéia.

Israel não era o povo peculiar do Senhor? No entando, deixou de cumprir o prpósito de sua eleição, e Deus o cortou do tronco e enxertou nele nós, os gentios (Rm 11.17-24). E Paulo nos alerta: “porque, se Deus não poupou os ramos naturais, não te poupará a ti” (Rm 11.21). Deus é soberano. Suas promessas são para nos abençoar, mas não como uma determinção natural, como cumprimento a exigências e caprichos de crentes sem compromisso com o Senhor, de crentes que fazem fila em busca das bênçãos do Senhor, mas que nada desejam com o Senhor das bênçãos.

Entenda uma coisa: ninguém encurrala Deus. Ninguém pode exigir algo de Deus. Ninguém pode determinar o que o Senhor deve ou não fazer. Jonas descobriu isso. Deus o encurralou, mas ele nunca poderia fazer o mesmo com o Senhor. Pense nisso!

Pr Gilvan Barbosa

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