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Avaliação, para quê?

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Ao longo de minha vida como pastor tenho aprendido que é importante avaliar o ministério da igreja. Assim como os crentes bereanos avaliaram as pregações de Paulo para ver se estavam de acordo com as escritura, precisamos aprender a avaliar as ações da igreja em uma comunidade. E falo de avaliação escrita, não apenas expressão de sentimentos verbais.

Avaliar algo é apreciar seu valor. O dicionário online Michaelis diz que avaliar é “calcular ou determinar o valor, o preço ou o merecimento de. Reconhecer a grandeza, a intensidade, a força de”. Quando, por exemplo, o Senhor concluiu sua criação e disse “eis que era muito bom” (Gn 1.31), estava ali sua apreciação, sal avaliação da obra feita e concluída.

Jesus certa vez disse a seus discípulos que alguém que vai construir uma torre deve primeiro calcular se tem condições de concluí-la, para que a iniciando não a deixe pela metade e sirva de zombaria para os demais. Ele também falou que um rei que vai à guerra com dez mil guerreiros contra outro rei que vem ao seu encontro com vinte mil, precisa avaliar as condições desta batalha, ou então pedir condições de paz ao inimigo (Lc 14.28-32). Nestas duas parábolas Jesus nos dá preciosas lições sobre o processo de avaliação.

Quando avaliamos estamos pensando em nossos recursos, bem como em nossas estratégias. Nosso objetivo não precisa mudar, ele é a razão de nossa organização, mas os recursos para que o objetivo seja alcançado precisam ser avaliados. Igualmente nossas estratégias de ação. Se vamos a uma batalha com dez mil soldados, contra alguém que tem o dobro, só venceremos se nossas estratégias de luta forem surpreendentes. Como igreja, temos o objetivo de adorar a Deus e fazer com que esta adoração alcance os que ainda não são conhecedores do evangelho de Cristo. Este é nosso objetivo primário. Esta é a razão de nossa existência como igreja. Para concretizar este objetivo, necessário se faz avaliar os recursos que temos, bem como as estratégias utilizadas em sua consecução.

Algumas perguntas podem nos ajudar no processo de avaliação. Os recursos que temos – materiais, humanos, financeiros e espirituais – são suficientes para funcionarmos bem como igreja e avançarmos com a proclamação do evangelho? Claro que, quando tratamos de igreja, estamos sempre aquém em termos de recursos. Todavia, é preciso saber a razão e buscar alternativas para que os recursos não faltem e a obra não seja prejudicada. Podemos ainda perguntar: as estratégias que estamos adotando na proclamação do evangelho são bíblicas, estão contextualizadas e são relevantes ao homem moderno? Uma estratégia usada para proclamação do evangelho no século XIX dificilmente será relevante ao homem do século XXI. Uma estratégia pode ser relevante em uma comunidade e completamente inútil em outra. É preciso conhecer o público alvo, a população onde a igreja está inserida, para definirmos as estratégias de ação. O evangelho não muda, o alvo de salvar o homem também não, mas a forma de apresentá-lo a este homem, sim.

Às vezes, o “pedir condições de paz”, é um tempo necessário para refazer as forças, alocar recursos, definir estratégias, para que a batalha seja finalmente vencida. Assim sendo, no processo de avaliação, não estamos avaliando pessoas, mas suas ações e (in)eficiência para dada função. Avaliar não é criticar. A avaliação busca o diagnóstico da situação, as razões desta, e a tomada de providências para que ela seja mudada e adequada ao objetivo principal da instituição (igreja). Pode ser que alguém não seja adequado a uma função, ou simplesmente que necessite de treinamento para exercê-la, como o guerreiro precisa de treinamento para ir à batalha, especialmente se vai combater contra o dobro de inimigos. Treinar liderança adequadamente é fundamental no processo de avaliação.

Avaliar é salutar. Paulo disse que se nós nos avaliássemos a nós mesmos, não haveria necessidade de sermos avaliados pelos outros (I Co 11.31). Todavia, é bom lembrar que avaliação precisa, exata, o Senhor faz de todos nós. Ele passa com o prumo no meio de seu povo para ver a construção que estamos fazendo (Am 7.7,8). Ele nos pesa na balança, e esperamos que não sejamos achados em falta (Dn 5.27). Ele nos perscruta com seus olhos que tudo veem (Ap 5.6).

Que a avaliação que fazemos de nós mesmos seja uma forma de melhorarmos na avaliação do Senhor nosso Deus!

Pr. Gilvan Barbosa

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