A SEXTA-FEIRA PASSOU!
É sexta-feira, oito horas da manhã. A cidade de Jerusalém está transtornada. Jesus de Nazaré foi condenado a ser crucificado. Muitos estão nas ruas! Muitos não entendem o que está acontecendo! Uma minoria está satisfeita e parece aliviada com a condenação, mas o povo simples lamenta, porque só via em Jesus bondade e misericórdia. O cortejo começa a cortar as ruas, rumo ao Gólgota. Jesus vai à frente, levando a cruz, e mais dois condenados igualmente o seguem. Barulho, gritaria… uma cidade transtornada!
E a igreja, onde está? Onde estão os seguidores de Jesus? Eles de dispersaram! Pedro, que era tido como líder do grupo, negou Jesus publicamente; não quis se comprometer! Todos se sentiam derrotados! Todos se trancaram em suas casas, com exceção de João e algumas das mulheres que creram em Jesus e o seguiram até o Gólgota.
Era sexta-feira! Às nove da manhã houve um silencia sepulcral. Os pregos estavam sendo fincados nas mãos e pés de Jesus. A multidão silenciosa acompanhava tudo, e o único e terrível barulho ouvido era o do martelo sobre os pregos. Terrível som! Horrenda dor! Mas, ele não abiu a sua boca, era como um cordeiro mudo levado ao matadouro! (Is.53.7)
Quando a cruz foi levantada o dia tornou-se noite. O sol escureceu. “A terra tremeu, as pedras se fenderam, os sepulcros se abriram, e muitos corpos de santos que tinham dormido foram ressuscitados (Mt 27.51-52). O pavor tomou conta da multidão! O centurião, designado para a guarda dos crucificados, gritou: “Na verdade este era o filho de Deus” (Mt 27.54). A multidão em desespero batia no peito (Lc 23.48). Os que estavam no templo viram o véu que separava o lugar santo do santo dos santos rasgar-se de alto a baixo (Lc 23.45). Aquela sexta-feira nunca mais seria esquecida!
Era sexta-feira! A igreja não conseguia ver além da cruz e do sepulcro! Só restava ficarem juntos, trancados e orar! Como entender tudo aquilo? Como aceitar que seu Mestre tenha morrido de forma tão cruel e trágica? Onde estava Deus naquela hora? Por quê?
O sábado foi de reclusão. Sentimento de derrota! Domingo cedo se reuniram. As mulheres foram ao sepulcro para ungir o corpo de Jesus com especiarias aromáticas, como era o costume (Mt 24.1). Não havia dado tempo de fazer isto na sexta-feira. Ao chegarem ao sepulcro descobriram que Jesus havia ressuscitado, não estava lá o seu corpo. Os anjos que lhes apareceram confirmaram a ressurreição e as mandaram dizer à igreja. Elas foram correndo, mas ao dizer, eles não acreditaram em suas palavras, acharam que estavam loucas (Lc 24.11).
A sexta-feira passou! As trevas de dissiparam! O domingo começou com um brado de vitória. A morte foi vencida! Eles não creram! A boa nova chegou, mas a igreja continuava “lamentando e chorando” (Mc 19.10). Jesus, então aprece para eles no culto e diz “paz seja convosco” (Lc 24.36). E Jesus os censura “a incredulidade e a dureza de coração, porque não acreditaram nos que o tinham visto depois de ressurreto” (Mc 16.14).
A nossa sexta-feira está passando! Que esperemos o domingo! Mas, que tiremos a incredulidade e a dureza de nossos corações, a fim de que, quando o domingo chegar e a vitória for anunciada, creiamos e celebremos. Que a tristeza e o lamento não nos ceguem. Que saibamos que a sexta-feira vai passar. Ela será vencida e poderemos então deixar de olhar para o céu e, então, recebermos a mensagem: “Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.11), e diremos a toda a igreja e ao mundo: “convém que se cumpra a Escritura” (At 1.16). Maranata!
Pr Gilvan Barbosa